Produtores rurais do Projeto de Assentamento (PA) D’Jaru Uaru, localizado em Tarilândia, distrito de Jaru (RO), vivem dias de incerteza e apreensão. Eles foram notificados pelo governo federal dentro da operação de desintrusão da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A origem do problema remonta a um erro de demarcação de marcos geográficos do INCRA. O próprio órgão já reconheceu a falha e chegou a emitir uma nota técnica confirmando a sobreposição indevida entre os lotes do assentamento e a terra indígena. No entanto, a FUNAI se recusa a reconhecer a nota técnica, mantendo a reivindicação sobre a área.
O impasse ameaça expulsar dezenas de famílias que vivem na região há mais de 30 a 40 anos. Esses moradores não são invasores: foram assentados pelo próprio INCRA, possuem títulos definitivos de propriedade e sempre exploraram suas terras de forma produtiva, com pecuária leiteira, criação de porcos, galinhas, gado de corte e cultivo de milho, café, feijão e hortas.
O clima de tensão aumentou ainda mais durante a entrega das notificações. Os moradores foram surpreendidos por um comboio de viaturas do INCRA, da FUNAI e da Força Nacional, que chegaram juntos para realizar a ação. A cena deixou as famílias apreensivas e reforçou o sentimento de insegurança.
A notificação recebida pelos produtores — que integra uma operação em nível nacional — causou revolta e desespero. Muitos afirmam não ter para onde ir caso sejam retirados das propriedades. “Nossos pais chegaram aqui com a autorização do próprio governo. Hoje, depois de décadas, querem tomar o que é nosso de direito”, desabafa um dos agricultores.
A situação expõe uma contradição: de um lado, o INCRA reconhece que houve erro técnico na demarcação; de outro, a FUNAI mantém o conflito ao não aceitar a correção. Com isso, famílias que ajudaram a construir a economia local se veem agora sob ameaça de perder suas casas, suas plantações e o trabalho de uma vida inteira.
Os produtores pedem socorro às autoridades e à sociedade para que a justiça prevaleça e seus direitos sejam garantidos. A principal reivindicação é que o governo federal reconheça a nota técnica do INCRA e suspenda qualquer medida de retirada até que o conflito esteja devidamente resolvido.
Fonte: Jaruonline