O agente funerário responsável pelo translado do corpo de Lenilda do Santos, dos Estados Unidos ao Brasil, sofreu um infarto na hora do embarque e, por isso, o envio do corpo da rondoniense que morreu quando tentava entrar ilegalmente nos EUA foi adiado para a próxima semana. A informação foi confirmada ao g1 pela família de Lenilda nesta quinta-feira (21).
A previsão era de que o corpo da técnica de enfermagem saísse de Ohio, nos Estados Unidos, na quarta (20), dia em que ela completaria 50 anos, e assim, chegasse ao Brasil nesta quinta.
Segundo a filha de Lenilda, Genifer Oliveira, o corpo da mãe só deve ser enviado dos EUA depois que todos os documentos forem refeitos com o novo agente funerário, que substituiu o primeiro agente após ele sofrer o ataque cardíaco.
De acordo com as informações da Gerência Regional do Translado à família de Lenilda, a previsão de envio é para a próxima semana, mas ainda sem data marcada.
Despedida adiada
A família já se preparava para a despedida do corpo de Lenilda, tanto que as cerimônias de velório e sepultamento estavam marcadas para acontecer nesta sexta e sábado (21 e 22), nos municípios de Vale do Paraíso (RO) e Ouro Preto do Oeste (RO).
Uma cerimônia de despedida foi realizada nesta semana para os familiares da rondoniense que moram nos EUA. Entretanto, com a data de envio do corpo adiada, os familiares que residem no Brasil ainda não tiveram a oportunidade de se despedir.
“Eu estou muito ansiosa. É um sentimento que eu acho que só na hora vai cair a ficha, porque até agora tô meio anestesiada. Eu não consigo pensar como vai ser minha reação no dia, para ser bem sincera”, contou Genifer, grávida de seis meses, que diz estar se preparando para o momento da despedida.
Para que o velório acontecesse esta semana, os órgãos responsáveis pelos procedimentos para descobrir a causa da morte, assinaram o atestado de óbito como “inconclusivo”, mesmo com os procedimentos ainda não concluídos. Conforme informações, a família deve ser avisada assim que o resultado oficial sair.
Relembre o caso
Lenilda saiu de Vale do Paraíso (RO) em agosto com o objetivo de atravessar a fronteira entre México e EUA, através do deserto, com ajuda de um coiote (pessoa paga para atravessar imigrantes ilegalmente pelas fronteiras). Ela estava acompanhada de dois amigos que moravam na mesma cidade e a conheciam desde a infância.
Os três viajantes passaram 33 dias na mesma casa esperando o melhor momento para atravessar o deserto. A caminhada iniciou em um domingo e já no dia seguinte Lenilda estava muito desidratada e passando mal.
Em áudios enviados à família, Lenilda conta que os amigos decidiram seguir caminho sem ela, mas voltariam para buscá-la. Ela só precisava seguir andando mais um pouco até o local combinado e aguardar por ajuda.
Áudio enviado para familiares antes de imigrante brasileira morrer no deserto dos EUA
Lenilda foi encontrada morta nove dias depois. A família acredita que ela morreu de sede após ser abandonada. O objetivo dela em ir para os EUA era trabalhar para pagar a faculdade das duas filhas e garantir uma melhor qualidade de vida para os familiares.
“Eles abandonaram ela na segunda. Ela ainda caminhou a terça todinha, chegou no lugar que tinha que chegar e ninguém veio buscar”, lamentou a filha.