Setor de ferro e aço é responsável por 2,8 gigatoneladas de emissões de dióxido de carbono por ano
Cientistas da empresa siderúrgica sueca HYBRIT criaram o primeiro aço livre de carbono do mundo. O material sem elementos fósseis, ainda em fase de testes, foi vendido para a montadora Volvo, que planeja aumentar a produção de veículos fabricados com o chamado “aço limpo” até 2026.
Segundo a Agência Internacional de Energia, o setor de ferro e aço é responsável por 2,8 gigatoneladas de emissões de dióxido de carbono por ano. Se a produção dessa indústria fosse um país, ela seria a quarta nação mais poluidora da Terra, consumindo 8% de toda a demanda global de energia.
“O primeiro aço livre de combustíveis fósseis do mundo não é apenas um avanço para a empresa, mas representa a prova de que é possível fazer a transição e reduzir significativamente a pegada de carbono global da indústria siderúrgica”, comemora o CEO da SSAB — companhia do conglomerado HYBRIT — Martin Lindqvist.
Sem emissão carbono
O aço tradicional é, essencialmente, feito com apenas dois ingredientes: minério de ferro e carbono. O minério é derretido em um forno com carvão de coque — combustível subproduto do carvão mineral submetido a altas temperaturas e com alto teor de carbono.
Depois desse processo, o ferro é derretido novamente com a adição de oxigênio, criando os lingotes de aço.
Para fabricar o aço livre de emissões de carbono, os pesquisadores usaram hidrogênio produzido com fontes renováveis de energia no lugar do carvão de coque convencional. Em seguida eles combinaram o hidrogênio com o minério de ferro até formar um novo material poroso conhecido como ferro esponja.
“Se os testes com a Volvo forem bem sucedidos, podemos ver uma verdadeira revolução no aço verde no futuro. Isso ajudará muito no combate às alterações climáticas de todo o planeta, desenvolvendo um modelo internacional de produção siderúrgica sustentável e consciente”, acrescenta Lindqvist.
Acordo de Paris
O compromisso internacional conhecido como Acordo de Paris foi aprovado em 12 de dezembro de 2015 e entrou em vigor oficialmente no dia 4 de novembro de 2016. Para cumprir as metas estabelecidas no acordo e limitar o aumento de temperatura média do planeta a 2 °C, os países precisam reduzir as emissões nocivas em mais de 7% a cada ano.
Ao acelerar a produção em larga escala de aço verde livre de emissões de carbono, a indústria siderúrgica pode ajudar no combate a uma das atividades econômicas mais poluentes do planeta, reduzindo consideravelmente a quantidade de dióxido de carbono despejado anualmente na atmosfera.
“É um marco crucial e um passo importante para a criação de uma cadeia de valor totalmente livre de combustíveis fósseis, da mina ao aço acabado. Ao industrializar essa tecnologia no futuro, faremos a transição para a produção de ferro esponja, permitindo que as siderúrgicas abandonem o modelo ultrapassado de fabricação do aço”, encerra Martin Lindqvist.
Fonte: Canaltech